RESENHA: Livro - O Sorriso da Hiena

Livro: O Sorriso da Hiena

Autor (a): Gustavo Ávila

Editora: Publicação independente

Páginas: 304

Sinopse oficial: Atormentado por achar que não faz o suficiente para tornar o mundo um lugar melhor, William, um respeitável psicólogo infantil, tem a chance de realizar um estudo que pode ajudar a entender o desenvolvimento da maldade humana. Porém, a proposta feita pelo misterioso David coloca o psicólogo diante de um complexo dilema moral. Para saber se é uma pessoa má por ter presenciado o brutal assassinato dos seus pais quando tinha apenas oito anos, David planeja repetir com outras famílias o mesmo que aconteceu com a dele, dando a William a chance de acompanhar o crescimento das crianças órfãs e descobrir a influência desse trauma na vida delas. Até onde ele será capaz de ir? É possível justificar um ato de crueldade quando, por trás dele, há a intenção de fazer o bem?

RESENHA

“Deus não escreve a sua história. Só risca as linhas.”

O Sorriso da Hiena é o livro de estréia do publicitário Gustavo Ávila, que com uma narrativa direta nos apresenta personagens sólidos e nos faz mergulhar neste enredo totalmente envolvente.

Logo na primeira cena do livro somos apresentados a David, um menino de 8 anos que assiste ao assassinato dos pais sem poder fazer nada. Perder os pais foi o que o transformou em uma pessoa má? É para saciar essa dúvida que o rapaz propõe um experimento para William, um psicólogo que deseja transformar o mundo em um lugar melhor: mataria os pais de outras cinco crianças, que seriam então acompanhadas de perto pelo psicólogo ao longo de toda sua vida.

É nesse cenário que somos apresentados ao detetive Artur que, diagnosticado com Síndrome de Asperger, é um dos mais eficientes em seu trabalho. Mas sua nova missão não é fácil: ele tem que parar o homem por trás dos assassinatos. Esperto, perceptivo e com grande dificuldade quando o assunto é interação social – uma característica da sua síndrome –, o rapaz acabou se tornando o personagem mais interessante e cativante do livro.

“Eu não quero fazer um curativo no dedo. Eu quero... Tirar o corte da faca.”

Mais do que uma mera ficção sobre um serial killer, Gustavo Ávila trata da moralidade do ser humano, assim como dos seus desejos, sonhos, suas obsessões. David, por exemplo, tem o propósito de descobrir o que causou sua maldade; William por sua vez quer ter um efeito positivo sobre o mundo, não se importando nenhum pouco com o preço a se pagar, com tudo o que isso vai lhe custar. No fim das contas, essa é a grande mensagem do livro: Os fins não justificam os meios.

Gustavo Ávila não perde tempo com cenas desnecessárias, o que só contribui e nos prende ainda mais nessa história fascinante, página após página. Com um final inesperado, “O sorriso da Hiena” tem tudo para cativar e agradar cada vez mais.

“Um sorriso nem sempre quer dizer algo bom, detetive. [...] Às vezes damos a impressão de que gostamos de alguma coisa, quando na verdade só estamos com medo, com dor, com fome.”