quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

RESENHA: Livro - Abzurdah


Livro: Abzurdah
Título original: Abzurdah 
Autor (a): Cielo Latini
Editora: Planeta 
Páginas: 316 

Sinopse oficial: Cielo Latini, menina precoce, sensível e criativa, educada em uma família "normal", fascinada pela arte e pela morte, conta como sua adolescência foi um inferno. O defloramento aos 14 anos, a dependência amorosa e sexual de um homem muito mais velho, a bulimia e a anorexia, a criação do blog "mecomoami", no qual milhares de adolescentes faziam público seu direito a ser anoréxicas, as tentativas de suicídio, a autoflagelação. E, finalmente, a ressurreição e a cura. Abzurdah é um testemunho vibrante, uma história impactante por sua crueza, porque reflete a realidade de milhares de adolescentes. Sua autora, além de coragem e inteligência, tem o claro dom da escrita, que lhe permite prender o leitor até a última página.


RESENHA

Nesta autobiografia somos apresentados a história de Cielo Latini e introduzidos em sua mente, a mente de uma bela jovem apaixonada pela arte e obcecada pela morte.


"Meus pais me diziam o que devia comer e o que não. Começaram a se preocupar com meu aspecto físico, mas nunca se preocuparam por que eu não tinha amigas, por que lia tanto, por que ninguém me ligava e por que não queria comemorar meu aniversário. Essas coisas não pareciam lhes interessar, e se defendiam com a seguinte frase: 'É uma menina especial'".



Desde sua infância Cielo sempre fora uma garota um tanto solitária: não tinha amigos – o que a levou a se refugiar nas páginas dos livros – e ainda por cima sofria bullying por estar acima do peso, o que incomodava até mesmo seus pais. 


A garota sentia que conseguia tudo com extrema facilidade, sem que precisasse nem mesmo se esforçar – e isso a chateava muito. Foi assim quando passou a tocar piano brilhantemente, quando começou a praticar esportes e quando perdeu peso depois ficar alguns dias sem comer, sendo sua única intenção irritar seus pais. 

Depois de sofrer sua primeira desilusão amorosa aos quatorze anos Cielo conheceu Alejo, um homem dez anos mais velho, em um grupo na internet. Os dois trocavam mensagens diariamente e não demorou muito para que a relação que tinham saísse do mundo virtual. Alejo foi seu primeiro homem. Ninguém sabia de nada, aquela relação era absolutamente secreta. 


A garota encarava aquele relacionamento de maneira séria, queria estar ao lado dele durante todos os dias de sua vida. Com o passar do tempo se deu conta de que os dois não encaravam aquela relação da mesma maneira: Ela o amava mais que a própria vida; ele amava a si mesmo. Ele a evitava; ela estava obcecada por ele... Ele não a amava, não como ela queria. 


Cielo adquiriu o hábito de induzir seu próprio vômito. A princípio ela o fazia apenas para se sentir bem, mas logo estava totalmente obcecada com seu peso. Criou um blog pró-anorexia (me como a mi), onde defendia que a anorexia não era uma doença, mas sim um estilo de vida. Não demorou para que parasse de comer – e quando o fazia seu estômago já não aceitava mais a comida. 

Alejo se afastava e ela piorava cada vez mais, queria chamar a atenção dele a todo custo. Se viam raramente e meses se passavam até que ele concordasse em vê-la novamente. 

Tudo era confuso demais em sua mente. Estava frágil por conta da falta de comida, já não raciocinava bem e não tinha energia para nada. Mas nada disso a incomodava, o que realmente queria era que Alejo se importasse, a desejasse, que estivesse por perto. 


“[...] Com você é sempre assim, Cielo. Em determinado momento está morrendo e no dia seguinte, como conseguiu escondê-lo (sufocar o sentimento de morte súbita), age como se nada tivesse acontecido, esquecendo completamente o assunto.”


Passou por momentos difíceis e depois de estar recuperada – talvez não totalmente – reencontrou Alejo. Abzurdah já era um projeto em andamento nessa época e depois disso os dois nunca mais voltaram a se ver. 

O livro é narrado em primeira pessoa e muitas vezes nos vemos dentro da mente de Cielo, o que pode ser angustiante. Seus dramas, a negação de sua doença e a recusa de enxergar o quão obcecada estava... Podemos acompanhar tudo isso de perto, como se realmente estivéssemos ali, ao lado da moça. É um livro forte, dramático, uma história que precisa de algum tempo para ser digerida – e só então tomar partido de um dos lados. 


“Sou pouco, e do pouco que sou pouco entendo.”



Extras: 

  • Existem alguns blogs na internet que supostamente seriam de Alejo, onde ele narra sua própria versão dos fatos e tenta mostrar a todos que não é um crápula como Cielo mostra em seu livro. 
  • Há alguns anos houveram rumores de que a própria Cielo estava por trás dos blogs.

E aí, o que você achou do livro?

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