sexta-feira, 10 de junho de 2016

RESENHA: Livro - Capitães da Areia


Livro: Capitães da Areia
Autor (a): Jorge Amado
Editora: Companhia das letras
Páginas: 283
Avaliação: 5/5

Sinopse oficial: Publicado em 1937, pouco depois de implantado o Estado Novo, este livro teve a primeira edição apreendida e exemplares queimados em praça pública de Salvador por autoridades da ditadura. Em 1940, marcou época na vida literária brasileira, com nova edição, e a partir daí, sucederam-se as edições nacionais e em idiomas estrangeiros. A obra teve também adaptações para o rádio, teatro e cinema. Documento sobre a vida dos meninos abandonados nas ruas de Salvador, Jorge Amado a descreve em páginas carregadas de beleza, dramaticidade e lirismo.


RESENHA

“E eles esqueceram que não eram iguais às demais crianças, esqueceram que não tinham lar, nem pai, nem mãe, que viviam do furto como homens, que eram temidos na cidade como ladrões.”

O livro do escritor baiano é dividido em três partes. Na primeira delas, intitulada “Sob a lua, num velho trapiche abandonado” conhecemos os temidos Capitães da Areia e o lugar onde vivem. Liderados por Pedro Bala, as crianças se veem obrigadas a roubar para que consigam sobreviver nas ruas da cidade.

Além de Pedro Bala – muito respeitado por todos –, também podemos conhecer um pouco mais de alguns de seus companheiros: Professor, Gato, Sem-Pernas, João Grande, Boa-Vida e Volta Seca estão sempre metidos nos maiores planos do grupo.

O Padre José Pedro é um dos únicos que estende a mão para essas crianças, tentando ajudá-los de todas as formas possíveis, mesmo que isso não seja de todo correto. Mas nada disso importa já que o padre vê em Pirulito, um dos meninos do bando, uma grande vocação para servir a Deus.

“La fora o vento corria sobre a areia e seu ruído era como uma queixa.”

Na segunda parte do livro, chamada “Noite da grande paz, da grande paz dos teus olhos” conhecemos Dora e seu irmão Zé Fuinha, que acabaram de perder os pais, que logo se tornam membros dos Capitães da Areia. A princípio a olham com desejo, mas logo aprendem a vê-la com outros olhos: passam a vê-la como uma mãe, alguém que lhes cuida e dá carinho. Para alguns foi também irmã, foi amor.

Para Pedro Bala em especial Dora foi muito mais: foi amor, foi noiva... Foi esposa.

Muita coisa acontece na vida dos garotos. Vivem como adultos quando ainda são crianças, quando anseiam por amor e carinho. Vivem – e são vistos – como criminosos quando só querem matar a fome que lhes consome. 

“A liberdade é como o sol. É o bem maior do mundo.”

A terceira parte, chamada “Canção da Bahia, canção da liberdade” é a grande conclusão de tudo. Os garotos agora estão se tornando homens, encontram seu chamado e conhecemos o destino de cada um deles. Nos emocionamos com cada um e torcemos por eles.

Mesmo que seja um clássico brasileiro, “Capitães da Areia” é ainda muito atual por tratar do abandono de crianças, da miséria e todas as dificuldades que enfrentam. É impossível não se cativar com cada um deles, torcer por eles e amá-los.

Esse é um livro que definitivamente nos deixa uma marca, nos faz refletir sobre diversas questões sociais. É um livro capaz de nos prender e emocionar. Com toda certeza essa obra de Jorge Amado está entre os meus livros favoritos e é um dos mais especiais.

“Sob a lua, num velho trapiche abandonado, eles levantam os braços. Estão em pé, o destino mudou.”

Obs: O livro recebeu uma adaptação cinematográfica, confira o trailer abaixo:


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